quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Tratamento com onda magnética 'pode aliviar enxaqueca'

Michelle Roberts

Atualizado em  22 de janeiro, 2014 - 11:14 (Brasília) 13:14 GMT
Enxaqueca (BBC/Arquivo)
Organização britânica indica tratamento para pacientes que não obtiveram resultado com outras terapias
Um aparelho que gera campos magnéticos e vem sido usado em tratamentos para depressão e esquizofrenia pode ajudar a aliviar os sintomas da enxaqueca, segundo autoridades médicas britânicas.
O Instituto Nacional Britânico para Excelência Clínica e de Saúde (NICE, na sigla em inglês) divulgou uma orientação recomendando o uso de estimulação magnética transcraniana para pacientes de enxaqueca. A tratamento é não invasivo; o aparelho portátil é colocado sobre o couro cabeludo e gera campos magnéticos indolores.
A organização voltada para saúde pública diz que o procedimento ainda é relativamente novo e reconhece ser necessário levantar mais dados a respeito de sua eficácia e segurança no longo prazo.
Em um teste feito com 164 pacientes, a estimulação funcionou duas vezes mais do que uma terapia com placebo e cerca de 40% dos voluntários já não sentia dores depois de usar o dispositivo.
Mas, segundo o NICE, a terapia, em que uma bobina gera campos magnéticos que ativam ou inibem neurônios, pode ser útil para pacientes que já tentaram outros tratamentos e não conseguiram alívio.
Segundo estatísticas, a enxaqueca é uma doença comum na Grã-Bretanha, afetando uma em cada quatro mulheres e um em cada 12 homens. No Brasil, estudos de 2009 apontam a incidência de enxaqueca em cerca de 15% da população.
Existem muitos tipos de enxaqueca, com ou sem aura e com ou sem dor. Também existem várias opções de tratamentos, incluindo a administração de analgésicos comuns como o paracetamol.
Peter Goadbsby, presidente da Associação Britânica para o Estudo da Dor de Cabeça, disse que muitos pacientes que sofrem do problema podem se beneficiar da estimulação magnética transcraniana.
A chefe da organização de caridade Fundação Enxaqueca da Grã-Bretanha, Wendy Thomas, também aprova a nova orientação do NICE.
"Muitos têm suas vidas afetadas pela enxaqueca. Aprovamos as orientações do NICE que possam ajudar a melhorar o futuro de muitas pessoas para as quais os outros tratamentos não funcionaram", afirmou.
O NICE recomenda ainda terapias como acupuntura.

Estresse na gravidez eleva chance de filho ser gay, diz cientista

Atualizado em  22 de janeiro, 2014 - 09:32 (Brasília) 11:32 GMT

Mulher grávida | Crédito: PA
Neurologista diz que fumar na gravidez pode aumentar chances de filho se tornar homossexual
Um livro recém-lançado por um neurologista sugere que o estresse na gravidez elevaria as chances de uma criança nascer gay.
Segundo o holandês Dick Frans Swaab, autor de We are our Brains(Spiegel & Grau, 448 páginas) ("Nós somos os nossos cérebros", em tradução livre), a homossexualidade estaria ligada a uma mudança na composição hormonal e na formação do cérebro.
Nesse sentido, o neurologista acredita que fumar ou ingerir drogas na gravidez pode influenciar na formação da sexualidade do feto.
"Mulheres grávidas que sofram de estresse tem maior chance de darem a luz a bebês homossexuais, porque os níveis elevados do hormônio de estresse cortisol afeta a produção de hormônios sexuais fetais", escreve Swaab.
A abordagem de Swaab, professor emérito de neurobiologia da Universidade de Amsterdã, parte do pressuposto de que a sexualidade é determinada no útero e não pode ser alterada, contrariando uma visão partilhada por outros especialistas de que a orientação sexual é uma escolha individual.
"Embora seja frequente ouvirmos que o desenvolvimento após o nascimento também afete a orientação sexual, não há absolutamente nenhuma prova científica disso", vaticina Swaab.
Para exemplificar sua tese, Swaab cita o caso de uma droga prescrita a 2 milhões de mulheres para evitar abortos nas décadas de 40 e 50 que, segundo ele, aumentou as chances de bissexualidade e homossexualidade nos recém-nascidos.
"A exposição à nicotina e à anfetamina durante a gravidez eleva as chances de a mãe gerar uma filha lésbica", afirma o holandês.
O neurocientista também acredita que as chances de que um bebê se torne homossexual são maiores quando a mãe já gerou filhos homens antes.
"Isso se deve à resposta imunológica da mãe às substâncias masculinas produzidas por bebês do sexo masculino no útero. Essa reação se torna cada vez mais forte durante cada gravidez", acrescenta Swaab.

Controvérsia

Cérebro do bebê | Crédito: BBC
Filhos de pais gays não teriam necessariamente maior propensão à homossexualidade
Há mais de cinco décadas pesquisando a anatomia e a fisiologia do cérebro, o holandês, que coleciona diversos prêmios em seu currículo, é um crítico voraz do chamado "livre-arbítrio" humano e muitas de suas teses têm causado polêmica.
O neurologista acredita que o cérebro é pré-programado durante a gravidez, influenciando as decisões de um indivíduo durante toda a sua vida, desde suas experiências emocionais às suas preferências religiosas.
A sua primeira investida no campo da orientação sexual ocorreu na década de 80 e, desde então, Swaab vem provocando reações acaloradas de grupos de defesa dos direitos gays, que afirmam que suas descobertas enquadram a homossexualidade como um "problema médico".
O neurologista holandês, entretanto, discorda das críticas e afirma que sua tese desconstrói o argumento de entidades ultra-conservadoras que acreditam na chamada "cura gay".
Além disso, como afirma que a homossexualidade é definida durante a gravidez, Swaab descarta a hipótese de que filhos de pais homossexuais tenham maior chance de se tornarem gays.
"Crianças que cresçam em famílias de pais gays ou lésbicas não têm mais chances de ser homossexuais. Não há qualquer evidência de que a homossexualidade seja um escolha de vida", afirma.
A tese de Swaab, entretanto, não é inédita. No 21º Encontro da Sociedade Europeia de Neurologia, realizado em 2011, o professor Jerome Goldstein, do Centro de Investigação Clínica de São Francisco, nos Estados Unidos, apresentou dados baseados em tomografias computadorizadas que mostraram a diferença dos cérebros entre homossexuais e heterossexuais.
Livro de Dick Swaab | Crédito: Divulgação
Novo livro de Dick Swaab afirma que sexualidade é determinada no útero
Segundo Goldstein, "a orientação sexual não é uma opção, ela é essencialmente neurobiológica ao nascimento".

Cérebro

Mas essa não é a única polêmica do livro de Swaab. Na obra, o neurologista também afirma que o comportamento "irritante" dos adolescentes seria uma evolução natural para evitar o incesto e que partos difíceis seriam, na prática, resultantes da predisposição, nos recém-nascidos, a transtornos mentais como esquizofrenia, autismo ou anorexia.
Além disso, o holandês também defende outras teses, como a de que pessoas inteligentes costumam ser ateias, de que crianças bilíngues tem menos chance de desenvolver Alzheimer ou de que uma desilusão amorosa tem a mesma reação no cérebro do que a abstinência de um viciado.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Veganismo ‘meio-período’ se populariza com ajuda de celebridades

Vanessa Barford

Atualizado em  21 de janeiro, 2014 - 12:18 (Brasília) 14:18 GMT
Jay-Z e Beyoncé (AFP)
Jay-Z e Beyoncé aderiram à dieta vegana por apenas 22 dias
O veganismo já foi associado aos ativistas defensores dos direitos dos animais, àqueles que queriam uma vida mais saudável e aos religiosos.
Mas, um número cada vez maior de pessoas estão testando a dieta vegana temporariamente, por uma semana ou até 30 dias, segundo a Vegan Society, uma organização de caridade britânica de promoção do veganismo.
De acordo com a organização, houve um aumento de 40% do número de pessoas aderindo ao veganismo "meio-período" nos primeiros dois meses de 2013 em comparação com o mesmo período de 2012.
Entre os casos mais famosos está o da cantora Beyoncé e o marido, o rapper Jay-Z, que aderiram à dieta vegana por 22 dias como parte de uma "limpeza espiritual e física".
E uma nova campanha chamada Veganuary já conseguiu a adesão de 3,2 mil pessoas à dieta vegana no mês de janeiro, segundo os organizadores.

Motivos

Muitos destes veganos "meio-período" não são contra o consumo de produtos animais, como ocorre com os veganos tradicionais.
Os novos veganos podem ter se inspirado em nomes conhecidos que adotaram este estilo de vida para valer e não apenas por um período limitado, como o cineasta americano James Cameron, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e o fundador da Microsoft, Bill Gates.
Getty Images
Mercado de produtos orgânicos e sem carne vem crescendo
Segundo a Vegan Society britânica, existem 150 mil veganos na Grã-Bretanha, uma em cada 400 pessoas. Esta taxa aumenta nos Estados Unidos, uma para cada 150 pessoas, segundo o Vegetarian Resource Group, o que faz com que os números totais de veganos americanos fiquem em torno de 2 milhões.
Como os vegetarianos, eles não comem carne vermelha, frango, peixes ou produtos ligados a animais. Os veganos também não consomem laticínios ou ovos.
Mas quem realmente está ganhando destaque são os veganos temporários e eles podem adotar esta dieta devido a várias motivações. Alguns querem apenas se livrar dos excessos cometidos no Natal e Ano Novo, outros querem uma boa desintoxicação.
Segundo Juliet Gellatley, diretora do grupo vegano e vegetariano britânico Viva, o que geralmente move esses novos veganos são dois motivos: preocupação com a saúde e uma maior consciência sobre como os animais são tratados.
"As pessoas podem ter uma tendência para ter doenças do coração ou querem diminuir o colesterol. Ou pode ser porque eles viram algo sobre agricultura industrial. Mas, uma vez que as pessoas se abrem para o veganismo, elas geralmente abrem as mentes para outras questões também", disse.
"O terceiro fator, que é mais incomum, são as razões ambientais como aquecimento global e devastação das florestas", acrescentou.

Hormônios e dieta

Rachel Hollos, diretora de marketing global de uma empresa em Londres, foi uma das pessoas que adotou o veganismo por um mês.
"Li muitos artigos sobre como nós não precisamos de laticínios e como o leite de vaca tem muitos hormônios que desregulam nossos hormônios", afirmou.
Ela também viu algumas propagandas das investigações do grupo ativista Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta, na sigla em inglês).
Rachel contou que a dieta vegana é muito diferente da dieta normal que ela segue, que geralmente incluía muitos ovos, peixe, leite de cabra e iogurte.
Campanha da PETA (AFP)
Alguns veganos 'meio-período' aderem à dieta devido a campanhas
A mudança foi fácil durante a semana, quando ela consegue preparar as refeições e lanches em casa. Mas tudo ficou mais difícil no final de semana, quando ela come fora.
"Também sinto falta dos bolos e chocolate, e a maioria dos bolos contém manteiga e ovos, e a maioria dos chocolates tem leite. Definitivamente sinto que tenho mais energia e me sinto menos inchada, mas também sinto muita fome todo o tempo", disse.
Os que defendem a dieta insistem que o veganismo não se resume a esta sensação de fome. Juliet Gellatley afirma que é fácil evitar esta sensação planejando cuidadosamente as refeições e optando por feijões, lentilhas, entre outros para ajudar a manter a sensação de saciedade.
O personal trainer Luke Graham, do País de Gales, afirma que aderiu ao veganismo no mês de janeiro em parte por uma questão de "ética e saúde, em parte para fazer uma experiência".
E, por enquanto, ele afirma que seus nívels de energia estão bons.
"Preciso ficar forte e em boa forma para meu trabalho e eu temia que, virando vegano, o contrário aconteceria. A última vez que tentei (esta dieta) não entendia muito sobre nutrição. Agora, elaborar planos de nutrição faz parte do meu trabalho", afirmou.

Veganos diurnos e escândalos

Há dietas veganas para vários gostos, como a VB6, que defende a dieta vegana até as 18h e virou moda depois de o articulista de gastronomia do The New York Times Mark Bittman ter publicado um livro a respeito em 2013.
Também há vários produtos como comida crua, sucos de limpeza, dietas com sopas que envolvem diminuir o consumo de carne e outros produtos ligados a animais.
Esta é também uma fatia de mercado que está em crescimento na Grã-Bretanha, o de produtos livres de carne, como tofu, hamburgueres vegetarianos entre outros. Este mercado foi avaliado no país em 625 milhões de libras (mais de R$ 2 bilhões), um aumento de 21% em relação a cinco anos atrás, segundo a companhia de pesquisas Mintel.
A queda no consumo de carne também pode estar ligada a escândalos como a descoberta de carne de cavalo em produtos vendidos em supermercados da Europa no ano passado.
Outros afirmam que campanhas divulgadas por celebridades, como as Segundas Sem Carne, que Paul McCartney lançou para estimular as pessoas a diminuírem a pegada de carbono ao cortarem o consumo de carne por um dia da semana, também podem ter contribuído.
Paul McCartney (BBC)
Paul McCartney fez campanha para cortar o consumo de carne por um dia da semana
Para Juliet Gellatley está ocorrendo uma grande mudança e a dieta vegana não é mais vista como algo totalmente estranho.
"As pessoas não estão, necessariamente, virando veganas, mas elas parecem admirar as pessoas que cortaram um pouco mais (a carne), ... elas dizem 'sei que não é bom para o meu coração'", disse.
Para Juliet, adepta do veganismo há 21 anos, não há problemas em aderir ao estilo de vida apenas por um período limitado.
"Na minha opinião, qualquer mudança é positiva. Qualquer coisa que leve à comer menos animais é boa. Além disso, poucas pessoas vão direto para uma dieta vegana. Algumas mudam do dia para a noite, mas recebemos emails de pessoas todos os dias dizendo que não comem mais carne vermelha, e depois peixe, depois os laticínios etc. A maioria vira vegetariano antes de virar vegano", acrescentou.
Para Rachel, de Londres, a dieta vegana só vai durar o mês de janeiro mesmo. Ela pretende voltar a comer peixe em fevereiro e, possivelmente, carne branca orgânica depois.
"A dieta vegana realmente me fez pensar sobre o que eu coloco no meu corpo e descobri vários benefícios nutricionais e receitas saborosas que vou continuar fazendo. Acho que há bom senso em muitas teorias e, definitivamente, é um desafio que vale a pena", afirmou.

Trabalho noturno provoca ‘caos’ no metabolismo e danos a longo prazo, diz estudo

Atualizado em  21 de janeiro, 2014 - 09:16 (Brasília) 11:16 GMT

trabalhadores do metrê londrino | Getty
Trabalhar à noite pode levar à perda de sintonia da atividade genética
Trabalhar de madrugada pode provocar um "caos" no corpo humano e causar danos à saúde a longo prazo, afirma um estudo conduzido por pesquisadores britânicos.
A pesquisa, realizada por especialistas do Sleep Research Centre, da Universidade de Surrey, revelou como os turnos de trabalho noturnos podem alterar o metabolismo e prejudicar o bom funcionamento molecular.
Segundo os autores do estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, a descoberta sobre a rapidez e gravidade dos danos causados por ficar acordado até tarde foi "uma surpresa".
Eles explicaram que o corpo humano segue um ritmo natural próprio e que o relógio biológico é programado para ficar ativo durante o dia e dormir à noite.
As mudanças podem causar sérios efeitos colaterais, como alterações dos hormônios, do humor, da atividade cerebral, da temperatura corporal e do desempenho dos atletas.
Os pesquisadores acompanharam 22 pessoas que trabalhavam durante o dia e que foram transferidas para turnos noturnos.
Exames de sangue mostraram que, em média, 6% dos nossos genes são programados para ficar mais ou menos ativos, atuando em sintonia em momentos específicos do dia.
Uma vez em que os voluntários passaram a trabalhar à noite, essa sintonia genética "se perdeu".

'Caos do tempo'

"Quase todos os genes ficaram fora de sintonia por causa da falta de sono", afirma Simon Archer, um dos autores da pesquisa.
"E isso explica porque nos sentimos tão mal quando ficamos com jet lagou se temos de trabalhar em turnos alternados", disse.
O professor Derk-Jan Dijk acrescentou que todos os tecidos do corpo têm seu próprio ritmo durante o dia, mas que ao ficarem "acordados" à noite, perdiam sua sincronia, podendo causar danos mais sérios a longo prazo, como aceleração dos batimentos cardíacos e alterações no funcionamento dos rins e do cérebro.
"É um caos. É como viver em uma casa onde há um relógio em cada cômodo e cada um marcando uma hora diferente", disse ele à BBC.
Estudos anteriores já haviam indicado que dormir em horas erradas do dia aumenta os riscos de diabetes tipo 2 e obesidade.
Outras análises sugeriram que as pessoas que trabalham à noite têm mais chances de sofrer de ataques do coração.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Britânica dá à luz após 20 abortos espontâneos

Atualizado em  18 de janeiro, 2014 - 10:53 (Brasília) 12:53 GMT

Shehata ajudou Moseley e seu marido a realizarem um sonho depois de 10 anos e 20 abortos espontâneos
Uma mulher que sofreu 20 abortos espontâneos ao longo de 10 anos conseguiu ter um filho após se submeter a um tratamento originalmente destinado a combater malária e artrite reumatoide.
A britânica Kelly Moseley havia sofrido 11 abortos espontâneos, todos por volta da 8º semana de gestação, quando resolveu procurar um especialista que viu na televisão falando sobre o seu trabalho com mulheres que sofrem abortos recorrentes.
Hassan Shehata descobriu que Moseley estava sendo atacada por "células assassinas naturais" encontradas em seu corpo.
Inicialmente, Moseley continuou a sofrer abortos espontâneos - incluindo a perda de dois bebês aos cinco meses de gestação - até que, um ano após ter começado a tomar o hidroxicloroquina, ela descobriu que estava grávida.
"Células assassinas naturais podem ser reduzidas, para algumas mulheres, com esteroides - mas no caso de Moseley isso não funcionou, então tentamos um tratamento antimalária, que também reduz o sistema imunológico," explicou Shehata sobre a decisão de tratá-la com hidroxicloroquina.
Tyler nasceu em abril de 2013, e hoje tem nove meses de vida.

Células assassinas

Shehata e seus colegas tinham passado muitos anos pesquisando porque o sistema imunológico de algumas mulheres rejeitam a gravidez, e seu trabalho foi focado em "células assassinas naturais", que estão presentes nas células brancas do sangue de todas as pessoas.
Ele disse: "Nós descobrimos que as células assassinas naturais de algumas mulheres são tão agressivas que atacam a gravidez, pensando que o feto é um corpo estranho - e isso é o que estava acontecendo com Moseley."
Shehata disse que Kelly foi a primeira paciente a receber o tratamento com hidroxicloroquina em forma de comprimido.
Moseley, finalmente, ficou grávida de Tyler e, embora tenha tido uma gravidez complicada - ela teve pré-eclampsia, um aumento da pressão arterial - ele nasceu com segurança entre 28 e 29 semanas de gestação, pesando pouco menos de 1,5kg.

Não é para todos

"Eu ainda não posso acreditar que Tyler está aqui", disse Moseley.
"Eu simplesmente me recusei a desistir, e espero que a nossa história incentive outras mulheres."
"Eu nunca vou esquecer os bebês que perdi, mas Tyler faz tudo valer a pena."
Moseley tentava engravidar desde que se casou em 2002.
Shehata disse à BBC que ele, desde então, tratou entre 10 e 15 mulheres com o remédio e descobriu que a taxa de sucesso foi de 70%.
"É importante dizer que não é um Santo Graal, não é para o tratamento de todos."
"Mas o hidroxicloroquina demonstrou ser muito seguro na gravidez."
Tyler passou muito tempo em uma unidade de cuidados especiais para bebês antes de ir para casa. Mas ele agora se prepara para comemorar seu primeiro aniversário cercado por toda a família.
Um porta-voz do Royal College de Obstetras e Ginecologistas disse que ficou "interessado" em saber que esta droga pode ajudar mulheres que sofrem abortos recorrentes, que tendem a ter problemas com o seu sistema imunológico, mas ressaltou que esta não era "prática comum".

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Cientistas evitam cegueira graças a terapia genética

Pallab Ghosh

Atualizado em  16 de janeiro, 2014 - 12:44 (Brasília) 14:44 GMT
Jonathan Wyatt teve a visão aperfeiçoada após o tratamento
Cirurgiões de Oxford, na Grã-Bretanha, usaram uma técnica de terapia genética para melhorar a visão de seis pacientes que, caso contrário, teriam ficado cegos.
O tratamento, que envolve inserir um gene dentro das células dos olhos, é responsável por restaurar as células que detectam luz.
Os médicos envolvidos acreditam que o tratamento pode, eventualmente, ser usado para tratar formas comuns de cegueira.
Robert MacLaren, o cirurgião que liderou a pesquisa, disse que ele estava "muito contente" com o resultado.
"Nós realmente não poderíamos pedir por resultado melhor", disse ele.
A BBC deu a notícia, exclusivamente, quando os testes clínicos começaram há dois anos. O primeiro paciente foi Jonathan Waytt, que na época tinha 63 anos.
Wyatt tem uma condição genética conhecida como choroideremia, que resulta na morte gradual das células que detectam luz localizadas no fundo do olho.

Visão melhorada

Wyatt ainda enxergava um pouco quando fez a cirurgia. Sua esperança era de que o procedimento evitaria que sua visão continuasse deteriorando e salvaria a pouca capacidade de enxergar que lhe restava.
Ele, assim como outro paciente que participou do teste clínico de MacLaren, descobriu que a cirurgia não apenas estabilizou, como também aperfeiçoou, sua visão. Os outros pacientes, que ainda viviam os primeiros estágios da cegueira, tiveram melhoras em sua capacidade de enxergar à noite.
Wyatt é agora capaz de ler três linhas a mais em um teste de visão.
"Eu me sentia na beira de um abismo", ele disse à BBC.
"Eu enxergava a escuridão. MacLaren bateu no meu ombro e disse 'venha por aqui, é possível enxergar novamente'."
Depois do tratamento, Wyatt passou a enxergar três linhas a mais em um teste de visão
A mulher de Wyatt, Diane, confirmou que a perspectiva de cegueira total o deixou muito deprimido.
"Ele agora está muito otimista", ela explicou.
"Ele está mais independente, ele consegue encontrar coisas que não conseguia antes, consegue sair sozinho, e deixou de ser um incômodo!"
Outro paciente que participou do tratamento, Wayne Thompson, disse que ele notou um resultado imediato depois da cirurgia.

Vendo estrelas

"Minha visão colorida melhorou. Árvores e flores parecem muito mais vivas, e eu consegui ver estrelas pela primeira vez desde que eu tinha 17 anos, quando a minha visão começou a deteriorar", ele disse à BBC.
Thompson disse que ele passou a vida conformado com o fato de que ficaria cego.
"Eu vivi os últimos 25 anos com a certeza de que eu vou ficar cego, e agora (depois da operação) existe a possibilidade de continuar enxergando", ele disse.
Quando Thompson foi diagnosticado pela primeira vez, disseram que não conseguiria ver sua filha, que agora tem nove anos, crescer.
"Eu agora espero conseguir ver meus netos crescerem", disse Thompson.
Se os pacientes continuarem a melhorar, o objetivo é oferecer o tratamento à pacientes mais jovens com choroideremia, para evitar que eles percam a visão.
A condição é relativamente rara: acredita-se que mil pessoas são afetadas na Grã-Bretanha.
Mas MacLaren acredita que o sucesso com os casos de choroideremia demonstra que a terapia genética pode ser usada para curar outras formas de cegueiras genéticas, incluindo a degeneração macular ligada a idade.
Essa condição causa cegueira em 300 mil pessoas na Grã-Bretanha, e causa a deterioração na visão de uma em quatro pessoas com mais de 75 anos.
"Os mecanismos da choroideremia, e o que estamos tentando fazer com o tratamento, seriam, provavelmente, aplicáveis a casos de cegueira mais comuns", explicou MacLaren.
"A choroideremia tem algumas similaridades com a degeneração macular, já que procuramos atingir as mesmas células. Nós ainda não sabemos quais os genes devemos atingir na degeneração macular, mas nós sabemos como fazer e como colocar os genes de volta."
Clara Aglen, do Royal National Institute of Blind People, também está, cautelosamente, otimista.
Ela disse à BBC: "No momento, a terapia está em estágio inicial, mas oferece esperança para pessoas com condições genéticas, como a degeneração macular e glaucoma."
"Enquanto esse processo avança, existe a esperança de que pode ser usado, e prover a cura, para causas comuns de cegueira."

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Musculação reduz risco de diabetes em mulheres, diz estudo

Michelle Roberts

Atualizado em  15 de janeiro, 2014 - 21:30 (Brasília) 23:30 GMT
Mulher se exercitando (Getty)
Exercícios de resistência reduziram em um terço as chances de desenvolvimento da doença
Mulheres que fazem musculação reduzem o risco de desenvolverem diabetes, de acordo com um estudo feito por cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard.
O estudo acompanhou cerca de 100 mil enfermeiras americanas por um período de oito anos.
Levantar pesos, fazer flexões ou exercícios similares de resistência muscular foram relacionados a um risco mais baixo de diabetes, concluíram os pesquisadores.
No que diz respeito especificamente à diabetes, os benefícios da musculação superaram os do exercício aeróbico.
Mulheres que fazem pelo menos 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos e ao menos uma hora também por semana de musculação tiveram a redução mais significativa (no risco de diabetes), se comparada com mulheres sedentárias.
Elas reduziram em um terço as chances de desenvolverem diabetes 2.
Especialistas já sabiam que a prática exercícios aeróbicos regularmente – tais como corrida ou natação – ajuda na diminuição do risco de se desenvolver esse tipo de diabetes.
O estudo de Harvard sugere, no entanto, que musculação e exercícios de resistência sejam adicionados à rotina para garantir uma maior proteção.

Amortecedor

Os pesquisadores afirmaram que o estudo não é perfeito – entrevistaram apenas enfermeiras, em sua maioria de etnia caucasiana, e levaram em conta apenas os dados que as mulheres lhes passavam, sem poder checá-los.
No entanto, eles disseram que os resultados são compatíveis com outras pesquisas que analisaram esses quesitos em grupos de homens.
Eles acreditam que uma massa muscular mais desenvolvida funciona como um amortecedor contra diabetes.
Isso porque o diabetes do tipo 2 se desenvolve quando células que produzem insulina passam a funcionar mal ou quando a insulina produzida não age como deveria.
A insulina permite ao corpo usar o açúcar como energia e armazenar qualquer excesso nos músculos e no fígado.
Assim, o excesso de peso pode aumentar o risco de uma pessoa em desenvolver a doença.
De acordo com o instituto britânico Diabetes UK, se você está acima do peso, a cada quilo perdido, você, reduz o risco de ter esse tipo de diabetes em 15%.
"Apesar das limitações envolvidas, a pesquisa destaca a mensagem de que ter um estilo de vida saudável e ativo pode ajudar a reduzir o risco de se ter diabetes 2", disse o médico Richard Elliot, porta-voz do instituto.
"Temos certeza de que o melhor jeito de reduzir o risco desse tipo de diabetes é manter um peso saudável se alimentando de maneira saudável, com uma dieta balanceada e com atividade física regular. Agora no começo do ano, muita gente está em busca de maneiras de perder peso. Nossa recomendação é que encontrem uma atividade física que gostem, assim é mais fácil se manter motivado."