terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A mastectomia de Angelina e outras notícias médicas de 2013

Atualizado em  31 de dezembro, 2013 - 11:14 (Brasília) 13:14 GMT

vírus HIV | SPL
Após tratamento, bebê infectado com vírus HIV teria ficado curado
Do bebê que, aparentemente, foi livrado do vírus HIV a avanços na busca por um tratamento para a demência, acontecimentos no campo da medicina fizeram muitas manchetes em 2013.
No artigo a seguir, o repórter de ciência e saúde da BBC James Gallagher faz uma seleção das matérias médicas mais interessantes do ano.

Bebê com HIV

Uma das histórias de saúde que mais chamaram a atenção em 2013 foi a de uma menina americana que teria sido "curada" do vírus HIV.
Sua mãe estava infectada e os médicos suspeitavam de que o bebê também contrairia o vírus, então decidiram dar drogas antirretrovirais ao bebê logo após seu nascimento.
Normalmente, as drogas mantêm o vírus sob controle, não permitindo que ele se multiplique. Nesse caso, no entanto, o tratamento parece ter impedido que o vírus se instalasse no corpo da menina.
Ela tem três anos, parou de tomar a droga há mais de 12 meses e ainda não tem sinais de infecção.
Houve também casos de dois pacientes que, após transplantes de medula óssea, deixaram de tomar drogas antirretrovirais e não apresentam sinais do vírus.
Durante muito tempo, acreditava-se que achar uma cura para o HIV seria impossível. Hoje, existe otimismo real entre pesquisadores.
Eles advertem, no entanto, que a cura ainda é um futuro distante.

Gravidez depois da menopausa

Antigamente, se uma mulher entrava na menopausa prematuramente, isso significava o fim de sua vida reprodutiva.
Mas no ano que passou, uma equipe integrada por médicos dos Estados Unidos e Japão conseguiu "ressuscitar" os ovários de mulheres que tinham tido menopausas muito prematuras.
Como resultado, um bebê menino foi gerado. Como os médicos conseguiram isso?
Primeiro, os especialistas retiraram os ovários da mulher. Depois, fragmentos desses ovários receberam um tratamento especial, antes de ser reimplantados nos órgãos.
Os fragmentos reimplantados reativaram o processo de amadurecimento de folículos que estavam dentro do ovário e eles deram origem a óvulos. Estes, por sua vez, foram extraídos e fecundados com técnicas de fertilização in vitro.
Especialistas em fertilidade dizem que a técnica pode ter grandes repercussões para o setor. Mas dizem que nada mudou para mulheres que passam pela menopausa na idade normal, já que a baixa qualidade do óvulo ainda representa um grande obstáculo.
Angelina Jolie | AFP
Angelina Jolie fez mastectomia para se proteger de forma agressiva de câncer

Mastectomia de Angelina

A obsessão do público com os famosos levou o câncer de mama para as manchetes de jornais em todo o mundo quando foi revelado que a atriz Angelina Jolie havia sido submetida a uma mastectomia dupla.
Os médicos da atriz lhe disseram que havia 87% de chances de que ela desenvolvesse câncer de mama. Isso porque Jolie tem uma mutação em seu DNA chamada BRCA1, que aumenta muito a probabilidade de que ela sofra de câncer de mama e de ovário.
Como resultado, a atriz teve os dois seios removidos.
Em um artigo de jornal, Jolie disse: "Fiz uma escolha positiva, que de forma alguma diminui minha feminilidade. (...) Para qualquer mulher que esteja lendo isso, eu espero que (minha experiência) ajude você a saber que existem opções".

Órgãos gerados em Laboratório

Esta imagem mostra um cérebro humano que foi cultivado em um laboratório a partir de células de pele.
O órgão, que tem o tamanho de uma ervilha, é semelhante ao cérebro de um feto com nove semanas de idade.
Ele já possui regiões distintas, como o córtex cerebral e um hipocampo em estágio inicial de desenvolvimento. Em um cérebro completo, o hipocampo é responsável pela formação de memória.
Cientistas dizem ter esperanças de que esses órgãos, que não são capazes de pensar, auxiliem nosso entendimento sobre doenças neurológicas e o desenvolvimento do cérebro.
E não se trata apenas de cultivar cérebros. Pesquisadores japoneses disseram ter ficado "atônitos" após terem criado minúsculos fígados usando métodos similares.
Eles acham que talvez seja possível combater a falência de um fígado doente transplantando-se milhares desses pequenos fígados no órgão doente.
Em outro experimento, pesquisadores geraram rins de ratos em tamanho natural e capazes de produzir urina.
O objetivo da equipe é pegar o rim de um doador, retirar dele todas as células velhas, deixando apenas uma estrutura parecida com uma colmeia. Essa estrutura seria então usada para a construção de um novo rim com o uso de células do próprio paciente.
As expectativas no campo do "crie seu próprio órgão" são bem grandes nesses próximos anos
cérebro com demência | SPL
Imagem mostra diferença na densidade do tecido cerebral com e sem demência (à dir.)

Demência

Compreender os bilhões de neurônios que compõem o cérebro humano, uma das estruturas mais complexas do universo, é um dos maiores desafios da ciência médica. Mas no ano que passou, especialistas deram um grande passo na luta contra doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer.
Em um experimento com ratos, uma equipe de cientistas do UK Medical Research Council - entidade britânica de pesquisas médicas - conseguiu interromper o processo de morte de células no cérebro dos animais com o uso de uma substância química. Sem essa intervenção, os animais teriam morrido devido a uma doença neurodegenerativa.
Segundo especialistas, este é um avanço gigantesco, um marco histórico na luta para controlar e prevenir doenças como o Mal de Alzheimer.
Em 2013, o combate à demência tornou-se uma prioridade global. Países do G8 criaram um fundo de pesquisas cuja meta é encontrar uma cura para o problema até 2025.
O presidente americano, Barack Obama, alocou milhões de dólares para o mapeamento de conexões nervosas no cérebro. Na Europa, está em andamento o Human Brain Project, um projeto que pretende simular o funcionamento de um cérebro humano usando computadores.

Clonagem de Humanos

bebês | SPL
Técnicas de clonagem foram usadas para produzir embriões em estágios iniciais de formação
Técnicas de clonagem foram usadas para produzir embriões em estágios bastante iniciais de formação. O feito foi qualificado, por alguns cientistas, como significativo.
O percurso para se chegar a esse ponto foi longo e árduo. Os especialistas empregaram a mesma técnica usada para gerar Dolly, a ovelha, em 1996.
As equipes dizem não ter a intenção de deixar que qualquer dos embriões clonados se desenvolvam.
Em vez disso, pretendem usar os embriões como fonte de células-tronco que podem gerar novos músculos cardíacos, ossos, tecido cerebral ou qualquer outro tipo de célula do organismo.
Porém, há grandes questões éticas associadas a esse campo de pesquisa e já houve pedidos para que as atividades nesse setor sejam suspensas.
Nesse meio tempo, os primeiros testes utilizando células-tronco produzidas pelo corpo de um paciente foram aprovados pelo governo japonês.
Os cientistas vão usar as células para tentar tratar uma forma de cegueira - a degeneração macular relacionada à idade.
homem dormindo | SPL
Além de pôr a casa em ordem, o sono elimina toxinas

Sono

Pesquisadores encontraram uma nova forma de explicar por que precisamos dormir: para colocar a casa em ordem.
Além de estar envolvido no processo de "arquivamento" de memória e no aprendizado, o sono teria também, segundo estudos recentes, a função de eliminar toxinas acumuladas durante um dia de atividade mental.
Os especialistas acham que dificuldades na eliminação de certas proteínas tóxicas talvez estejam associadas a doenças como o Mal de Alzheimer.
Enquanto isso, um outro grupo de pesquisadores diz que talvez seja possível diminuir o processo de declínio na memória e no aprendizado associados à idade se houver um esforço para melhorar a qualidade do sono.
Ainda no campo de estudos sobre o sono:
Em 2013, especialistas provaram que a Lua interfere no nosso sono. Eles demonstraram que a luz adicional gerada pela Lua cheia dificulta o dormir.
E trabalhadores noturnos, que têm dificuldade em ajustar seu "relógio interno" ao do mundo à sua volta, vão ficar satisfeitos em saber que, no ano que passou, pesquisadores da Kyoto University, no Japão, encontraram o "botão de reajuste" do sono dentro do cérebro.
Eles testaram uma droga que faz com que o relógio interno de uma pessoa se ajuste rapidamente a fusos horários diferentes. A descoberta torna mais concreta a possibilidade de que se criem remédios para ajudar viajantes e trabalhadores a ajustar seu sono.

Doenças novas e antigas

Dois vírus novos atraíram atenção e preocupação global neste ano.
Uma nova gripe aviária, H7N9, surgiu na China e infectou mais de 130 pessoas, provocando 45 mortes.
Entretanto, a maior parte dessas mortes ocorreu no início do ano, logo após o aparecimento do vírus. O fechamento de mercados de aves nas regiões afetadas parece ter impedido seu alastramento.
O outro novo vírus, causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), emergiu na Arábia Saudita. Ainda não se sabe onde o vírus estaria se originando, embora muitos suspeitem de que os camelos sejam a fonte.
Uma doença antiga que voltou a ameaçar o mundo em 2013 foi a poliomelite. Na Síria, fragmentada por uma guerra que não parece ter fim, novos casos foram diagnosticados. Há 14 anos não se viam casos novos de polio no país.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Para combater falsificação, Inglaterra vai registrar cirurgias de implante de silicone

Atualizado em  29 de dezembro, 2013 - 14:25 (Brasília) 16:25 GMT

Implante de silicone | Crédito: PA
Centenas de milhares de mulheres descobriram ter próteses defeituosas fabricadas na França
O governo inglês anunciou que vai passar a registrar toda cirurgia de implante de silicone realizada no país.
O objetivo é aumentar a segurança das pacientes e evitar novos escândalos como o que ocorreu com as próteses PIP.
Fabricados na França pela empresa Poly Implant Prothèse (PIP), os implantes continham silicone de baixo padrão, aumentando a incidência de rompimento.
Em 2011, centenas de milhares de mulheres em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, foram surpreendidas com a notícia e obrigadas a se submeter a novas cirurgias para trocar as próteses defeituosas.
Na ocasião, também se investigou a ligação entre os implantes PIP e casos de câncer de mama.
As autoridades inglesas afirmam que, devido à falta dos registros, não puderam entrar em contato com pacientes que receberam as próteses.
Assim como no Brasil, a indústria de cirurgia plástica vem crescendo no Reino Unido. A previsão é de que o setor fature 3,6 bilhões de libras (R$ 14,4 bilhões) em 2015.
À BBC, Dan Poulter, subsecretário de Estado para Serviços Médicos do Reino Unido, afirmou que o escândalo envolvendo os implantes PIP "lançou luz" sobre uma indústria com algumas "práticas sombrias".
"O que nós precisamos fazer é rastrear mais efetivamente a qualidade dos implantes que as mulheres recebem para assegurar que, quando algo der errado, elas possam ser alertadas o mais rápido possível – e isso só vai acontecer por meio de um registro".

'Marketing irresponsável'

O ministério da Saúde britânico também informou que está trabalhando em conjunto com a Advertising Standards Authority (ASA), entidade que supervisiona a publicidade no Reino Unido, para enfrentar o que chamou de "marketing irresponsável" de algumas empresas.
Mais especificamente, o órgão quer impedir companhias de oferecer implantes de silicone como prêmio a mulheres, prática que vem ganhando força no país nos últimos anos.
A ASA já proibiu a veiculação de peças publicitárias que estimulam a cirurgia de maneira machista e ofensiva.
"Esse tipo de marketing é irresponsável porque pode mudar a maneira como a mulher vê a si mesma pelo resto de sua vida. Nós precisamos cobrar da indústria de cirurgia plástica maior responsabilidade quanto à maneira como esses procedimentos são anunciados".
Para o cirurgião plástico Rajiv Grover, presidente da Associação Britânica dos Cirurgiões Plásticos (BAAPS, na sigla em inglês), a decisão do governo inglês veio em boa hora.
Ele defende, entretanto, uma proibição a todo e qualquer anúncio publicitário sobre procedimentos médicos.
"As pessoas que pensam em fazer uma cirurgia plástica têm de pensar sobre muitas coisas: riscos, expectativas, qualificações do médico, recuperação. Uma cirurgia nunca deve ser anunciada como uma daquelas promoções 'pague-um-leve-dois'".

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fibras devem ser consumidas com moderação


Alimentos integrais podem ser ricos em gordura

Entenda a relação entre alimentos integrais e o ganho de peso

Alguns produtos ricos em fibras podem ter grandes quantidades de açúcar refinado, sal ou gordura

POR ESPECIALISTA - ATUALIZADO EM 20/12/2013
A obesidade tem sido um tema central em publicações relacionadas à saúde. De fato, sua magnitude merece espaço. O excesso de peso tem sido fortemente relacionado a diversas doenças como diabetes, doenças cardíacas, hipertensão arterial, gordura no fígado e até alguns tipos de câncer. Mudanças no estilo de vida com maior atividade física e cuidados com a alimentação são armas poderosas no combate ao que se considera o mal do século. 
As fibras são fortes aliadas nesse processo. É consenso em toda literatura médica os benefícios do consumo de fibra no controle do peso. Vários mecanismos podem estar associados a esse benefício. Entre eles o poder de proporcionar saciedade dos alimentos ricos em fibra, isso porque as fibras, principalmente as solúveis, aumentam a viscosidade das dietas tornando a digestão mais lenta. Esse processo também pode gerar o aumento da secreção de alguns hormônios relacionados à saciedade. Além disso, as fibras da dieta podem impor uma barreira mecânica à absorção de macronutrientes como as gorduras e carboidratos no intestino ajudando a controlar a glicemia e o colesterol. 
Com tantos benefícios, o uso das fibras passou a ser uma arma da indústria de alimentos para enriquecer seus produtos e melhorar suas imagens. É possível encontrar bebidas gaseificadas, água, requeijão, salgadinhos, bolachas, sucos e uma infinidade de produtos enriquecidos com fibras. Por traz do apelo de produto integral ou rico em fibra, o que estamos encontrando é uma variedade de produtos ricos em açúcar ou sal e gordura, muita gordura. E o inevitável acontece: ganho de peso! O consumo de alguns produtos com rótulos de integrais está contribuindo para obesidade. Um verdadeiro paradoxo!  
Há outra questão muito relevante para o aumento do peso a partir do consumo desses alimentos. Refere-se ao fato de que produtos com alegações de saúde são consumidos em quantidades elevadas. Tanto produtos industrializados, principalmente as bolachas, como alimentos minimamente processados como arroz integral e massas. O fato de ser integral funciona como um aval para consumo exagerado. E é justamente o inverso que pode trazer benefícios à saúde. Como a fibra aumenta a saciedade, o esperado seria que as pessoas comessem menos desses produtos e não mais. 
A saciedade é um mecanismo extremamente complexo e muitas vezes o consumo de fibra não é capaz de diminuir a fome e ajudar com emagrecimento. Mesmo assim, alimentos ricos no nutriente continuam fazendo parte da recomendação de saúde. O único modo de garantir a presença de fibras na dieta e tirar algum proveito desse nutriente é consumi-la em todas as refeições, todos os dias. É possível alcançar a recomendação ideal de fibras consumindo pelo menos quatros tipos de frutas, duas porções de legumes e verduras, duas porções de grãos e três porções cereais integrais como pão e arroz. As porções devem ser ajustadas individualmente para que os resultados alcançados sejam realmente positivos. 
Quanto aos produtos industrializados, o consumidor deve ficar atendo para não cair em armadilhas minuciosamente articuladas pela indústria de alimentos. Ter fibras ou ser integral não deve ser o único critério para escolher determinado alimento. É preciso ser pobre em gordura, sal e açúcar e a quantidade dever ser igual ou superior a 2 gramas de fibras em de 30 g de alimentos. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Gene do diabetes pode ter origem em Neandertal, diz pesquisa

Atualizado em  26 de dezembro, 2013 - 07:38 (Brasília) 09:38 GMT

Modelo de Neandertal
Gene encontrado em populações da América Latina herdado de Neandertais eleva risco de diabetes
Um gene que parece aumentar o risco da diabetes em populações da América Latina pode ter sido herdado dos Neandertais, de acordo com um estudo americano.
Sabe-se hoje que humanos modernos se miscigenaram com populações de Neandertais logo após deixarem a África, em um período entre 60.000 e 70.000 anos atrás.
Isso significa que genes do Neandertal estão agora dispersos pelo genoma de todos os não-africanos.
Os detalhes do estudo foram publicados na revista Nature. A variação do gene foi detectada em um vasto estudo de associação sobre o genoma de mais de oito mil mexicanos e outros latino-americanos.
O estudo analisa genes de indivíduos diferentes para tentar descobrir se eles estão ligados por alguma particularidade.
As pessoas que carregam a versão de maior risco do gene têm 25% mais chances de desenvolver diabetes do que aqueles que não a tem. Além disso, aqueles que herdam esses genes de pai e mãe têm 50% mais de chances de ter diabetes.
A forma mais perigosa do gene – chamada SLC16A11 – foi encontrada em mais da metade das pessoas que possuem ancestrais nativos da América, incluindo a América Latina.

Remédio

Essa variação do gene é encontrada em cerca de 20% das populações do Leste da Ásia e muito rara em habitantes da Europa e da África.
Uma frequência elevada dessa variação na América Latina pode ser a responsável por até 20% do aumento da prevalência da diabete tipo 2 nessas populações – cujas origens são complexas e pouco entendidas.
"Até agora, estudos genéticos usaram amplamente amostras de pessoas com ancestrais europeus ou asiáticos, o que torna possível a perda de genes que são alterados em frequências diferentes em outras populações", disse um dos coautores da pesquisa, José Florez, professor associado de medicina na Harvard Medical School, de Massachusetts.
"Ao expandir nossa pesquisa para incluir amostras do México e da América Latina, nós descobrimos um dos mais fortes riscos genéticos já achados até agora, o que pode iluminar novos caminhos para atingir a doença com remédios e melhor entendimento dela", explicou.
Caverna Denisova, na Rússia
Sequência genética relacionada a diabetes foi descoberta em caverna na Rússia
A equipe que descobriu a variante realizou análises adicionais, em colaboração com Svante Paabo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.
Eles descobriram que a sequência do SLC16A11 associada com o risco de diabetes tipo 2 é encontrada em uma sequência de genoma de Neandertal recentemente descoberta na caverna Denisova, na Sibéria.
Análises indicam que a versão SLC16A11 foi introduzida em humanos modernos por meio de miscigenação entre os primeiros humanos modernos e Neandertais.
Achar genes de Neandertal não é algo incomum. Cerca de 2% dos genomas da atualidade de não-africanos foram herdadas deste grupo humano, que viveu pela Europa e Ásia ocidental entre 400.000-300.000 anos e 30.000 anos atrás.
Mas os cientistas só estão começando a entender as implicações funcionais dessa herança Neandertal.
"Um dos aspectos mais excitantes desse trabalho é que revelamos uma nova pista sobre a biologia do diabetes", disse outro coautor da pesquisa, David Altshuler, baseado no Broad Institute de Massachusetts.
O SLC16A11 é parte de uma família de genes que codificam proteínas responsáveis por várias reações químicas no corpo.
Alterar os níveis de proteína SLC16A11 pode mudar a quantidade de um tipo de gordura que está relacionada ao risco de diabetes.
Essas descobertas sugerem que ela poderia estar envolvida no transporte de um metabólito desconhecido que afeta os níveis de gordura nas células aumentando assim o risco para a diabetes tipo 2.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Maior estudo genético já feito associa artrite reumatoide ao DNA

Maior estudo genético já feito associa artrite reumatoide ao DNA

Atualizado em  25 de dezembro, 2013 - 17:54 (Brasília) 19:54 GMT
Mão de pessoa com artrite reumatoide (James Heilman/Wikimedia Commons)
Pessoas com artrite reumatoide desenvolvem inflamações nas articulações
Cientistas nos Estados Unidos descobriram 42 regiões do DNA humano que estão associadas ao desenvolvimento da artrite reumatoide, uma doença que provoca uma inflamação dolorosa das articulações e que frequentemente acomete idosos.
A descoberta foi resultado do maior estudo genético já feito, envolvendo cerca de 30 mil pacientes e publicado na prestigiada publicação científica Nature.
Segundo os cientistas, a conclusão pode ajudar no desenvolvimento de novas drogas que poderiam, um dia, levar a uma cura para o mal, além de mostrar o caminho para pesquisas envolvendo outras doenças.
Alguns cientistas vinham argumentando que pesquisas como esta, em que se busca identificar áreas genéticas com variações associadas a doenças complexas – áreas conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único –, não têm utilidade, já que há pouca ou nenhuma evidência que indique que “silenciar” essas áreas irá aliviar os sintomas desses males.
Mas o professor Robert Plenge, da Escola de Medicina de Harvard (nordeste dos EUA) e líder do estudo, diz que sua pesquisa prova a validade da abordagem, porque sua conclusão é reforçada pelo fato de que, antes de sua pesquisa, já existia um remédio usado para tratar os sintomas da artrite reumatoide associados a um particular polimorfismo.

'Tremendo potencial'

Na pesquisa, a equipe de pesquisa comparou o DNA de pessoas com artrite com o de pessoas sem o mal, encontrando as 42 áreas “defeituosas”, onde há polimorfismos.
Segundo Plenge, os efeitos de uma dessas áreas vinham sendo tratados por um remédio desenvolvido por tentativa e erro, em vez de ser criado tendo em mente a correção específica do problema genético.
É essa descoberta que poderia ser aproveitada em pesquisas de medicamentos para outros males.
“Ela oferece tremendo potencial. Essa abordagem poderia ser usada para identificar os alvos para drogas para doenças complexas, não apenas artrite reumatoide, mas diabete, mal de Alzheimer e doenças coronarianas”, disse Plenge.

Câncer

A mesma pesquisa indicou que polimorfismos encontrados nos pacientes com artrite reumatoide são encontrados também em portadores de alguns tipos de câncer no sangue.
De acordo com a professora Jane Worthington, diretora do Centro de Genética de Manchester, essa observação sugere que drogas desenvolvidas para combater esses tipos de câncer poderiam ser eficientes para tratar a artrite reumatoide – e, por isso, deveriam ser analisados em testes clínicos.
“Já há terapias que foram criadas no campo da oncologia que poderiam abrir novas oportunidades para mudar os alvos de remédios”, disse ela à BBC.
“Isso (a descoberta da pesquisa) poderia ser um caminho simples para ampliar as terapias que temos hoje em dia voltadas a pacientes com artrite reumatoide.”


Cinco passos para reduzir o consumo de álcool nas festas de fim de ano

Atualizado em  24 de dezembro, 2013 - 10:16 (Brasília) 12:16 GMT

Bebidas alcóolicas | Crédito: BBC
Dormir melhor e ter menos dores de cabeça estão entre os benefícios da redução do consumo de álcool
O consumo excessivo de álcool nas festas de fim de ano vem frequentemente acompanhado do dissabor do arrependimento.
Afinal, quem nunca fez um pedido para beber menos no ano que inicia?
A lista dos benefícios relacionados à redução do consumo de bebidas alcóolicas é extensa e vai desde dormir melhor a ter menos dores de cabeça.
Segundo os médicos, a ingestão excessiva de álcool também pode prejudicar o trabalho, a família e os relacionamentos de um indíviduo.
Com base em recomendações de especialistas, a BBC lista abaixo cinco passos para reduzir o consumo de álcool.

Pense no tamanho de seu copo

Um dos mandamentos para quem está de dieta é diminuir o tamanho do prato.
O mesmo princípio vale para quem quer reduzir a ingestão de álcool.
Uma taça grande de vinho pode conter até três unidades de álcool. A recomendação dos especialistas é escolher, invariavelmente, um copo menor.
Lembre-se também de que as doses que costumamos usar em casa são normalmente maiores do que de restaurantes ou bares.

Siga à risca as diretrizes para a ingestão de álcool

Não tome álcool durante dois dias da semana. A escolha desses dias fica a critério de cada um, mas essa pausa é necessária, segundo os médicos, para permitir a recuperação do corpo.
As mulheres não devem beber mais de dois ou três unidades por dia (e não mais de 14 unidades por semana).
Já os homens não devem beber mais de três a quatro unidades por dia (e não mais de 21 unidades por semana).
Os corpos das mulheres reagem ao álcool de uma maneira diferente da dos homens.
As mulheres têm, em média, 10% mais gordura que os homens, o que significa menos fluídos corporais para diluir o álcool.
Isso significa que a substância percorre o corpo feminino de forma mais concentrada e causa mais danos.
Além disso, os fígados das mulheres produzem menos da substância que o corpo usa para quebrar as moléculas de álcool.
Na prática, isso significa que as mulheres não só ficam bêbadas mais rápido, como os efeitos em seus organismos perduram por mais tempo.

Conheça o teor de sua bebida

O teor alcóolico varia de bebida para bebida. Uma dose de uísque, por exemplo, pode ter até dez vezes mais álcool do que um copo de cerveja tradicional.
Portanto, pense em quantas unidades de álcool você está ingerindo e não se esqueça de contar as doses.

Sempre faça uma boa refeição antes de começar a beber, ou saboreie aperitivos enquanto estiver ingerindo álcool

A dica passa de geração em geração. Quem nunca recebeu o conselho acima dos pais ou dos avós?
A recomendação faz sentido, pois a comida ajuda a diminuir os efeitos do álcool no corpo.

Saiba a hora de parar

Se você não estiver pronto para outro drink, saiba a hora de parar. Nunca é demais pedir um refrigerante ou um copo d’água para recarregar as energias.
Isso ajudará a cortar o número de unidades de álcool que você ingerir e, claro, evitar a tão temida ressaca.